quarta-feira, 10 de março de 2010

OUTRA EXCELENTE RESENHA SOBRE O LIVRO DEONTOLOGIA DAS MÍDIAS - ALUNA GABRIELA BORGES - SEGUNDO SEMESTRE 2009

Parte 1 - Dados de Base
Capítulo 1 - Grandes Distinções
Neste capítulo o autor fala sobre as distinções na aplicação das deontologias das Midas. Ele separa cinco obstáculos: tecnológico, político, econômico, conservadorismo do profissional da mídia e o conservadorismo do público (que depende de cada cultura). Ele cita quatro regimes possíveis para a deontologia. Dois deles democráticos, dois não. Mas há uma questão a se pensar: existe mesmo regime de imprensa democrático, mesmo a liberal? Segundo o autor isso é uma ilusão, uma vez que na virada do século XX tornava-se bom o que era lucrativo, e não ajuda o ser humano a discernir a verdade como seria se todos os fatos fossem relatados e opiniões postas no “mercado de idéias”.
Um regime que mais se aproxima do real democrático é o de Responsabilidade Social. Este conceito vigora desde 1947 e nos 20 anos seguintes, suas idéias foram em geral adotadas. Segundo a doutrina é preferível que nenhum meio de comunicação pertença ao Estado e nem esteja sob seu controle. E as empresas de comunicação devem responder às necessidades e desejos dos diversos grupos sociais.
Já os regimes Autoritário e Comunista as mídias devem atender os interesses do poder, restringindo assim o direito à toda e qualquer tipo de informação.

Funções dos meios de comunicação
No elenco dessas funções está a de informar ao público tudo o que acontece a sua volta. Particularmente, vigiar os poderes executivo, legislativo e judiciário. Deve também assegurar a comunicação social, tornando a coexistência pacífica. Fornece uma imagem do mundo inteiro, onde o homem comum só conhece o que provém de experiência pessoal, da escola e sobretudo da mídia. Transmite a cultura e dá instrumentos para a identificação étnica em que o indivíduo se insere. Através do entretenimento contribui para a felicidade. E, claro, vender. Os meios de comunicação são os principais vetores da publicidade. Seu fim principal é seduzir os leitores para vendê-los aos anunciantes.

Tipos de meios de comunicação
Como existem vários tipos de meios de comunicação (jornais, revistas, rádio e televisão), a deontologia torna-se variável. Essas distinções são facilmente notadas entre a imprensa e mídia audiovisual; entre mídia pública, mídia comercial e mídia privada não comercial. Vale salientar que a internet, até 1997 não era considerada mídia. Mas em 2006, a convergência tornou-se um tipo de mídia a parte. Rápida, eficiente e precisa onde seu público alvo interage com a mídia e consome seus produtos oferecidos.

Informação e Entretenimento
A fronteira entre jornalismo e entretenimento nunca foi nítida e é cada vez menos. A mídia popular sempre privilegiou o divertimento, e a comercial impregna agora todos os seus produtos com entretenimento. É inevitável a sobreposição. Aprende-se muito com diversão. Os dois tipos de mídia fornecem informação, no entanto, é indispensável cumprir o papel social, mantendo seus domínios.

Os participantes
As pessoas que trabalham para a mídia, não são a mídia propriamente dita. Suas responsabilidades são diferentes. Os jornalistas podem cometer erros sozinhos, porém a política redacional de um meio de comunicação são decididas pelos proprietários e seus representantes.
Existe uma glamorização de jornalistas, sobretudo os televisivos que diferente daqueles que estão fora da TV, são bem pagos e inevitavelmente tidos como modelos. Esses estão muito mais sujeitos a violar a deontologia, e essas faltas causam danos a toda a profissão.
Os anunciantes são os principais clientes da mídia. Preocupa-se com os conteúdos, na medida em que cria uma confiança favorável a publicidade. Por outro lado fazem pressão para que apague a fronteira entre anúncio e informação.
A liberdade de imprensa pertence ao público. Porém, os usuários muitas vezes constituem um obstáculo à liberdade de imprensa e são pouco dispostos a lutar para defendê-la. Quer seja pela indiferença ou hostilidade, boas ou más razões, a atitude do público é politicamente grave. Mas ao longo do século XX elabora-se um remédio para isso: tornar a imprensa socialmente responsável.

Mercado, direito e deontologia
O mercado não é suficiente para garantir uma boa comunicação social. Ou permite a uma maioria exprimir-se ou a mídia põe-se a serviço da minoria rica, por um lado, e por outro distribui a uma massa indiferenciada o que parece desagradar-lhe menos. Na ausência de regulamentação estatal, o mundo dos negócios não se preocupa com o serviço público, que dirá com a deontologia.
O direito pode ajudar a mídia a fazer o seu trabalho. A lei sueca por exemplo, garante aos jornalistas ausência de censura mesmo em tempos de guerra, acesso a arquivos oficiais, proteção em caso de processo.
Atos lícitos podem ser contrários a deontologia. Como aceitar o convite de um industrial para férias de luxo. Também o contrário, como furtar um documento para provar um escândalo que prejudica o interesse público. Ou seja, apesar de superposições, e importante que o direito e a deontologia permaneçam distintas.

Moral, deontologia e controle de qualidade
Pode-se dizer que a moral é a ética íntima de um indivíduo, fundados por sua visão pessoal do mundo, na sua experiência de vida ou influência de grupos de referência.
A deontologia aplica-se a uma profissão. Praticamente determina o que se faz e o que não se faz.
O controle de qualidade é amplo: engloba moral, deontologia e iniciativas da mídia em satisfazer melhor o público. Tem a vantagem de ser neutro e agradar a todos os protagonistas. Para os usuários, evoca um serviço valioso.

Capítulo 2 - Princípios e valores

Natureza e efeitos da mídia
Neste capítulo o autor compara o sistema social com um organismo vivo, onde cada elemento depende dos outros. Basta um subsistema deficiente para que já não funcione corretamente.
É preciso ter a tripla natureza da mídia quando se trata de deontologia. Ao mesmo tempo serviço público, indústria e instituição política. A primeira, em lugares onde não existem garantias constitucionais da imprensa, reconhece-lhe privilégios que a colocam entre os serviços públicos. Para conservá-la, a imprensa deve merecê-la, oferecendo um serviço de qualidade. Como instituição política, a midi pode resolver problemas com o conservadorismo adotando meios de prestar contas. Tendo assim maior probabilidade de manter sua liberdade. Como indústria deu abertura para que todos os cidadãos pudessem participar da administração do país, mas exigia uma estrutura industrial para os órgãos de imprensa. Hoje, boa parte da mídia está nas mãos de grandes sociedades, cuja finalidade primeira não é o serviço público.

Efeitos da mídia
Os meios de comunicação são frequentemente acusados de todos os males da sociedade moderna. Que eles causam efeitos é fato. Sobre as crianças é um dos assuntos mais estudados pelas ciências sociais. Causam efeitos bons e ruins.
Para que uma mensagem exista é necessário o emissor e o receptor. O usuário não é um receptor passivo. Ele interpreta a mensagem segundo suas experiências, necessidades e desejos. Não é uma vítima, mas um usuário da mídia. Em conseqüência, a principal influência da mídia se faz por omissão: o que ela não diz tem mais influência do que o que ela diz. No entanto, as pessoas se recordarão daquilo que foi relatado pela mídia e o que não foi, é como se nunca tivesse acontecido.

Valores humanos
Existem direitos e deveres. O ser humano tende a exigir seus direito esquecendo que junto, vem os deveres. Todos devem se sentir responsáveis pelos valores fundamentais, nos quais se funda a moral social, como o respeito pela vida humano, não prejudicar ninguém inutilmente, promover a justiça e os direitos do homem, melhorar o destino do outro, a democracia.
Quando falamos de valores universais, a complexidade é maior, pois vai depender de um fator citado no primeiro capítulo desta parte, que é a cultura de alguns países, onde, nas tradições não se aceita igualdade das mulheres, a tolerância para com os seres diferentes, a vida privada, a democracia. Por outro lado, essas culturas não toleram o egoísmo e a selva social do Ocidente.

Liberdade de expressão
O ser humano não dispõe de nenhum dos direitos assegurados pelo estado, se não possuir um deles: o de saber. E se não estiver informado, está desarmado.
Sem comunicação não há sociedade, logo não há sobrevivência prolongada do indivíduo. Se não há liberdade sem limites, também não pode haver liberdade sem responsabilidade. O profissional da mídia precisa de liberdade frente ao estado e aos proprietários. Igualmente, precisa de liberdade econômica para dificultar ser corrompido.
Começou-se a definir liberdade de imprensa não como negação da censura política, mas como a afirmação de uma tarefa a realizar: satisfazer o direito à informação de cada cidadão.

O direito à comunicação
De que serve a liberdade de se exprimir se não é possível fazer-se ouvir? O direito à comunicação impõe-se: o direito reconhecido aos indivíduos de trocar qualquer mensagem por qualquer meio de comunicação. E, consequentemente, a obrigação de fornecer os meios para esta troca.
O objetivo da deontologia das mídias consiste parcialmente em afastar os obstáculos da comunicação. Exceto um: no caso de recusa de comunicar.

Valores midiáticos
As obrigações dos jornalistas consistem primeiro nos deveres de todo ser humano, aplicados a área da mídia. A partir do fim do século XIX, os profissionais da mídia constituíram associações a fim de estabelecer suas próprias regras e independência do estado. Abriram-se escolas especializadas e escreveram-se códigos.
Os valores midiáticos são os mesmos em grande parte do globo onde o regime é democrático. Como a rejeição ao ódio, à violência, o desprezo pelo homem ou de grupos de homens. A deontologia combina com todas as religiões, mas não combina com extremismos, totalitarismos e fundamentalismos.

Parte 2 - A deontologia
Capítulo 1 - Os códigos - Tipos e conteúdos
O código provém de uma lei. Mas pode haver perigos. O que redigem não se espera comprometimento, mas um senso moral por parte do jornalista. E feito para que se saiba o que fazer e o que não fazer. O código informa ao público sobre a profissão. Mostra-lhe que ela tem regras de conduta.
Um código de deontologia deveria ser formulado voluntariamente no interior de uma profissão.

Segundo a natureza das regras
É bom que algumas regras sejam básicas para o profissional, mesmo que lhes seja impossível alcançá-las sempre. Como a pluralidade em suas reportagens.
Contudo, há regras com exceções, onde um meio de comunicação pode negligenciar quando isso for de interesse público. Há regras controvérsias também, em questões de fontes off-the-record, ou quem é responsável pelos atos dos jornalistas de sua equipe, os redatores-chefes ou os próprios jornalistas.

Segundo as funções das mídias
O jornalista não deve ceder a nenhuma pressão visando influenciar a seleção ou apresentação das notícias, venha ela do interior ou exterior da profissão. Deve se preocupar em dar uma imagem exata do mundo, não suscitar xenofobia, racismo ou sexismo, etc. Não fazer nenhum favor a anunciantes. Nada de supressão, distorção ou invenção de notícias para agradá-los.

Segundo o alcance das regras
Seria bom que em todos os tipos de meios de comunicação tivessem cada um seu código, já que a aplicação da deontologia é variável nessa questão. Os telejornalistas devem intervir discretamente com suas câmeras para que se evite desfigurar o acontecimento. Involuntariamente encorajam manifestações, a violência. Deve-se advertir o telespectador a imagens chocantes.
Alguns países têm suas próprias regras, que dependem de herança cultural, grau de desenvolvimento econômico ou estrutura dos meios de comunicação.

Segundo a categoria de profissionais
É útil que os patrões dêem exemplo e permitam a seus assalariados seguí-lo. Como dar remunerações que mantenham sua dignidade e honestidade. Deve separar seus interesses jornalísticos e comerciais.
Regra para todos os jornalistas, patrões ou não, basicamente é permanecer neutros, sem juízos de valores, nem acusar, nem inocentar, sem opinar, apenas dar ferramentas para que o público forme por si mesmo opiniões. Deve se ater a isso, não comprar ou vender informação, não aceitar benefícios de suas fontes.

Segundo a responsabilidade considerada
É-se responsável perante alguém. Um jornalista é responsável primordialmente, perante a ele mesmo. E em seguida, perante a sociedade. Inclusos nela estão seus empregadores - a empresa para quem trabalha - seus colegas de profissão, até mesmo os de veículos concorrentes. Deve sempre lutar pelos direitos dos jornalistas. Perante suas fontes também. Deve respeitar as informações obtidas através dela, sem deformar uma palavra, citando-a fora do contexto. Informar, antes das entrevista, qual o assunto ali a ser tratado, o gancho da matéria, sem dar detalhes das perguntas, pois é um direito de jornalista. O profissional também deve estar comprometido com as causas. Não deve lançar acusações, mesmo que fundadas, se não servirem o bem público. Não deve prejudicar os usuários, seja de modo subliminar ou sensacional, criando temores ou esperanças injustificadas.

Segundo o estagio das operações
A premissa dos jornalistas é não inventar informação, mas também não deve utilizar de meios desonestos para obtenção de informação. Também não se deve comprar informação, nem usar meios coercitivos, nem violar a vida privada das pessoas. A partir do momento em que se desrespeita a privacidade, a deontologia não está sendo respeitada também.

Códigos dos meios de comunicação de entretenimento
A mídia é acusada de usar do entretenimento para a manipulação. A deontologia não pode ser idêntica nos dois setores. Alguns dos danos denunciados nos códigos são devidos as confusões entre a informação e o divertimento.
Sobre rádio e TV, é interessante que inove, estimule a criatividade e trate de grandes problemas morais e sociais. Deve mostrar a dinâmica da mudança. Deve apresentar uma gama de programas culturais e educativos. Os radioteledifusores tem uma responsabilidade particular perante as crianças. A televisão deve levar em conta que seu público são as famílias, e alguns tipos de programas devem ser proscritos. Ela tem o dever de ajudar no desenvolvimento da personalidade das crianças, na sua educação, cultura, moral.

Interpretação e aplicação dos códigos
Os códigos não são regras absolutas. Mesmo que se estabeleçam, é necessário uma reflexão por parte dos jornalistas no cotidiano do seu trabalho. Estudar a deontologia não é tão difícil quanto torná-la prática. Exige-se a junção de princípios individuais e coletivos, e a tantas se difere.

Capítulo 2 - As omissões
A preguiça, a insensibilidade burocrática, falta de imaginação acaba fazendo com que se coincidem os setores, os fenômenos, fontes supostamente especialistas, a serem abordados. Fazendo com que a informação seja alvo de omissão.
Outro fator que contribui para a omissão, é a falta de fontes com várias angulações. Ouve-se muito uma versão de um fato, mas pouco a versão de outro.

A seleção
A omissão é o pior pecado da mídia. Os dirigentes dos meios de comunicação deveria se preocupar mais com seus clientes e menos com seus acionistas, enquanto se constata que fora do setor da mídia, há maior rentabilidade nas empresas que tem essa preocupação.
Com a superficialidade e simplismo a mídia dá imagens incompletas do mundo, deformadas, e que podem gerar sentimentos e comportamentos lamentáveis.
Os meios de comunicação enfatizam o conflito. Quando uma informação contém um pequeno elemento negativo, é sobre ele que se constrói a reportagem.

O tratamento e a apresentação
A maneira de dizer importa tanto quanto o que se diz. Raros são os códigos que mencionam a necessidade de os artigos serem atraentes. Tanto pela parte escrita (textos concisos e ordenados) quanto pelo design, paginação, ilustração, diagramação.

O bem estar da sociedade
Daí se baseia a ética em todos os setores. O jornalista deve proteger os humildes, ter ações cívicas que incitam a luta pelos direitos do cidadão.

O setor de entretenimento
É valido que se use da diversão para informar, desde que de interesse público. O entretenimento torna a informação mais atrativa, e alicia enqunto se cria canais educativos.
Os meios de comunicação comerciais fazem pouco para inovar. Assim, a mediocridade torna-se mesmo técnica. Eles, particularmente, cultivam a imbecilidade, a alienação dando um vazio intelectual, negligenciando o papel educativo da mídia.
A mídia visa fabricar consumidores, e não cidadãos. Associa-se a felicidade com o consumo.

Problemas de publicidade
Mesmo que a publicidade traga rendimentos à mídia, esta não pode ser influenciada sobre seu comportamento. Deveria haver uma clausula em todos os códigos deontologicos, de todos os países, onde a mídia tem direito de verificar os dados nas publicidades.

Parte 3 - A prática
Capítulo 1 - os M*A*R*S Meios de assegurar a responsabilidade social da mídia
O MARS é todo meio não estatal usado para tornar os meos de comunicação responsáveis perante o público. Normalmente só agem sobre pressão moral. Mas sua ação pode vir a ser reforçada pela autoridade dos dirigentes da mídia ou por disposições legais pré-existentes.

Os atores
O público deve ser satisfeito pelos meios de comunicação. Patrões, profissionais e usuários podem consagrar-se a esse controle de maneiras diversas, juntos ou separadamente. O estado não deve participar, salvo quando ameaças que às vezes são necessárias para desencadear o processo de auto regulação.

Os meios
A formação é a solução a longo prazo da maior parte dos problemas de qualidade. A formação prática, pelo trabalho, tornou-se perigosamente insuficiente. A universidade pode conceder cultura geral, conhecimentos específicos num setor e uma consciência deontológica.
O método mais velho para melhorar a qualidade ainda é a avaliação. Mais fácil e mais banal. É a crítica, positiva ou negativa. Uma função primordial da mídia é dar abertura aos leitores para poderem exprimir a opinião sobre a mídia, como “Cartas dos leitores”. É bom que se publique também comentários contraditórios, pontos de vista opostos sobre as questões importantes, sobretudo se for um meio de monopólio local.
Um código de deontologia é indispensável e eficaz na medida em que é de conhecimento de todos do meio de comunicação.

Indivíduos ou grupos
O público precisa ser informado sobre as próprias questões que dizem respeito à mídia. É preciso que jornalistas se especializem nesse setor para cobrir-lhe a atualidade e dedicarem-se a investigações sem complacência.
Espera-se que críticas internas contribuam para a educação deontológica do pessoal.
Existe uma figura que ajuda a obter o controle de qualidade da mídia. É chamado em alguns lugares de mediador. Seu papel é ouvir os usuários descontentes. E para isso deve estar preparado.

Processos
Os jornalistas precisam aperfeiçoar sua competência numa especialidade e as vezes precisam de mais tempo par refletir sobre a profissão. Todas as crianças precisam ser ensinadas a conhecer as estruturas da mídia, seus conteúdos, seus efeitos, e a aprender como utilizá-la, talvez até como fazê-la (veículos do colégio)
Um veículo precisa verificar seu nível ético (taxa de erros, regras seguidas, regras quebradas). É bom que faça uma pesquisa, que dê dados numéricos e não apenas acusações vagas e respostas impressionistas.

O que foi feito na Europa
Em dois terços dos países existe um código geralmente reconhecido. Na maior parte dos casos, ele vem de sindicatos de jornalistas. Em dois casos, o código vem do conselho de imprensa (Alemanha e Áustria), criado ele próprio pelos sindicatos de jornalistas e editores.
Nem todos os meios de comunicação corrigem claramente seus erros. A maioria da mídia impressa o faz, mas discretamente. Visto que também quase não há críticos internos.

Capítulo 2 - Criticas e Obstáculos
As críticas
Nos Estados Unidos, advogados de jornais desaconselham a seus clientes adotar um código, temendo processos de usuários por difamação. O código contribui para convencer os jurados da boa fé do meio de comunicação. Aliás, os grandes grupos têm meios para fazer processos se arrastarem até ganhar ou fazer o queixoso desistir.
Outra crítica comum é que os códigos ameaçam a liberdade de imprensa. Eles são uma lista de proibições vagas de votos piedosos. Tem em seus textos frases desprovidas de sentido ou justificação.

Conclusão
É necessário que os profissionais e o público se mobilizem, organizem-se e encontrem meios de agir para a melhora dos meios de comunicação. As pessoas estão começando a entender que a mídia não era satisfatória, e que ela deve preencher todas as suas funções.
A deontologia ajuda na melhoria da coleta de informação, na veracidade dessas informações, e isso dá credibilidade ao profissional e aos meios de comunicação.
O jornalismo está aprendendo a ser atraente sem se desviar do objetivo principal: bem comum a sociedade. Ele está aprendendo uma maneira mais eficaz de atingir o público alvo, fazendo com que se interessem pela leitura e tenham conhecimento sobre o mundo que os cerca. A informação é uma grande arma para conquistar direitos e espaço.

O autor faz as conclusões no final do livro, não se atém capítulo por capítulo. A obra é bem concisa e ajuda a entender a deontologia das mídias. Quem lê cresce como indivíduo e repensa as suas criticas quanto a ela. Analisa melhor as condições em que está inserida e entende qual o processo de uma notícia para que esteja absolutamente dentro da ética da comunicação.
Sobre o autor:
Claude-jean Bertrand se consagrou ao estudo das mídias por mais de 35 anos. Estudou a deontologia e os meios de torná-la respeitada. Já deu aulas, escreveu artigos, fez conferências sobre mazelas dos mios de comunicação, ao mesmo tempo em que sugeriu medidas eficazes de aperfeiçoamento.

Melhor resenha crítica do livro Deontologia das Mídias - Autora - Mariáuria Machado Silva - segundo semestre de 2009

Referência Bibliográfica

Autor: Claude-Jean Bertrand
Título: Deontologia das mídias
Imprensa: Gráfica Brasileira S/A. Editora, Impressão e Acabamento Bandeirantes -on demand-
Número de páginas: 234. Formato 12x19 cm; Tipologia Granmond Book; Papel reciclado. Impressão sob demanda. Acabamento, costurado e colado. Tiragem, 1000.
Ilustração: Não possui ilustração, exceto a foto do autor.

Credenciais do autor
Claude-Jean Bertrand foi um excelente doutor em estudos anglo-americanos, professor de civilização norte-americana, nas universidades de Strasburgo e Nanterre na França. Foi também professor e pesquisador no Instituto Frances de Imprensa, na Universidade de Paris II, na área de meios de comunicação de massa. Dedicou anos de estudo sobre responsabilidade da mídia.


A obra
Diante do sistema democrático, a mídia ganha força para atingir a todos com informação e entretenimento. Uma vez que grande parte das empresas de comunicação enxerga a forma de fazer noticia apenas como moeda de trabalho, surgem inúmeros veículos irresponsáveis que deixam de lado a ética e usam o sensacionalismo para vender seu produto. É aí que entra a importância do livro Deontologia das mídias. O autor Claude-Jean Bertrand propõe um conjunto de princípios e regras estabelecidas pelos próprios profissionais da mídia e do jornalismo, com a colaboração dos usuários com o fim de impor a ética no processo da produção até a veiculação da informação. Além disso, o autor faz um estudo sobre a liberdade de expressão e estimula a discussão sobre as diversas fórmulas de auto-regulamentação, que podem ser adotadas pelos veículos de informação.
Na introdução, o autor pretende clarear as idéias do leitor. Bertrand explica o porquê de fazer o estudo da deontologia apenas agora, se antes também existia a mídia. Ele explica que em uma época muitos profissionais tinham receio em falar sobre deontologia, mas hoje isso mudou e os próprios profissionais já se manifestam por meio de artigos, editoriais, revistas, programas de radio e TV. Bertrand acredita que há vários motivos para que os profissionais queiram estudar, falar e publicar sobre deontologia. Um deles envolve o fator da evolução. Nesse sentido, há um nível mais exigente de publico, jornalistas com mais técnica e estudo que antes, além de considerar que a tecnologia manipula a informação. Deixa claro, ainda, que a finalidade da obra é informar e convencer, mas não denunciar nenhum veículo de informação.
O autor explica no primeiro capitulo que existem obstáculos para liberdade de imprensa. A deontologia só pode se desenvolver se a mídia for livre. Mas existem fatores que impedem essa liberdade, entre eles, a tecnologia, a política, a economia, o conservadorismo e as tradições. No regime autoritário, os meios de comunicação são privados, mas quem decide o que vai ser publicado ou não são as autoridades. Regime comunista, lá o conceito de liberdade de impressa não existe. O Estado usa a mídia apenas para mandar as pessoas seguirem a ideologia dele, assim, a mídia deve mentir e omitir tudo que não é de interesse dos governantes. O Regime liberal impõe que os fatos devem ser relatados e as opiniões sejam expostas na mídia. Isso aconteceu graças ao artigo 19 da Declaração Internacional dos Direitos do Homem da ONU. No Regime de responsabilidade Social, é preferível que a mídia não seja de propriedade nem seja controlada por quem governa. E, caso o público esteja insatisfeito, a mídia deve mudar para satisfazer seu público.
Para entender as funções concernentes à mídia, é preciso saber que serviço ela deve prestar. Para isso, o autor apresenta categorias que são alvos da deontologia. Observar o entorno, assegurar a comunicação social, assim como fornecer imagem do mundo, pois a que temos não é suficiente, e transmitir cultura para que as barreiras e preconceitos se quebrem, contribuir para felicidade a fim de aliviar as tensões do cotidiano do público e vender, já que é por meio da mídia que a publicidade ganha vida. Os tipos de meio de comunicação são diferentes e cada um merece atenção especial para estudar a deontologia. Bertrand mostra em sua obra que é clara a distinção entre imprensa e mídia audiovisual; mídia pública e mídia comercial; mídia privada e não comercial.
O autor mostra que existe uma separação entre informação e entretenimento. Ele explica que a imprensa popular sempre privilegiou a diversão, e a mídia comercial usa o entretenimento em seus produtos. Portanto, segundo o autor, a informação exata e útil fica de um lado e, do outro, a distração que não prejudique a sociedade.
Os participantes da mídia são quem a faz. Neste caso são os patrões e empregados. Os patrões devem ter postura, pois todo jornalista está sujeito a cometer erros, e cabe ao patrão impor que seu grupo respeite as leis, a não ser que queiram eles mesmos responder nos tribunais. Bertrand usa as palavras peões e vedete para explicar as duas personalidades de um jornalista. Segundo ele, os peões são aqueles profissionais comuns, mal remunerados , julgados por todos os males da mídia. Já as vedetes são consideradas astros do jornalismo, bem remunerados e famosos, estão sujeitos a violar a deontologia, pois as tentações são muitas, além do perigo de deixar a celebridade falar mais alto. Os anunciantes ,segundo Bertrand, são os cliente Vips da mídia, por isso, estão sempre preocupados com o conteúdo mostrado por ela. O autor acredita que os usuários deveriam discutir mais sobre comunicação social, e lutar pela liberdade de imprensa, uma vez que esta pertence ao público.
O mercado não é suficiente para fazer comunicação social, de sorte que, na melhor das hipóteses, prevalece à elite, em detrimento da massa. Direito e deontologia são definições bem distintas. Ao mesmo tempo em que a mídia pode provocar danos sem infringir a lei, que é , por exemplo, quando um jornalista aceita de mão de um industrial pacote de férias, a deontologia tolera atos ilegais, como usurpar uma identidade para desmascarar um político, se ele ameaça prejudicar a sociedade. Para finalizar o capitulo, Bertrand apresenta: moral, deontologia e controle de qualidade. Este último possui a vantagem de ser neutro: agrada a todos protagonistas. Para os usuários, deve apresentar qualidade, para o jornalista, oferece credibilidade, para os proprietários, conquistam públicos.
No capitulo dois Bertrand discute sobre a natureza e os efeitos da mídia. Ele acredita que a mídia é parte fundamental da sociedade, e envolve no estudo da deontologia serviço público e instituição política. O autor explica que foi a partir do momento em que a comunicação de massa surgiu que houve a participação de cada cidadão. Os efeitos que os meios de comunicação têm sobre a sociedade são vários. Os veiculos podem influenciar qualquer individuo, e o veiculo que oferece noticias apenas de fato violentos pode traumatizar um cidadão, a ponto de ele não ter coragem de sair de casa. A deontologia tem maior preocupação com os deveres, pois, crê o autor, liberdade e responsabilidade caminham juntas.
A liberdade de expressão foi um direito conquistado dentro dos direitos do homem. A liberdade de imprensa é feita para comunicar, informar o homem sobre o mundo que o rodeia, mas isso é um direito que cada individuo tem por questões até mesmo de sobrevivência. Mas o autor deixa bem claro: há limites, pois não existe responsabilidade sem limites. A liberdade de imprensa, explica o autor, não foi definida para dar fim à censura, senão para satisfazer o direito à informação. O direito de comunicação não pode ser limitado. Esse direito deve reconhecer que cada cidadão pode trocar mensagem por qualquer meio de expressão, e a coletividade deve oferecer oportunidade para essa ação ocorrer, assim como acontece com o direito a educação; nada adiantaria se não existissem escolas.
Na parte dois do livro, o autor apresenta a deontologia em detalhes. Tratam-se de códigos e tipos de conteúdos. Os códigos surgem quando já existe uma lei, e nele é escrito senso moral. O que pode e não pode ser feito, apresentados pelos próprios jornalistas. Esses códigos deontologicos têm como objetivo informar o público sobre a profissão, apresentar as regras de conduta, aumentar a credibilidade, incentivar o prestigio pela profissão, proteger o cliente. No caso em debate, que é a comunicação social, quem redige os códigos é a própria associação de jornalista. Os tipos de cláusulas contidos correspondem à definição de práticas escandalosas da mídia de acordo com a cultura de uma nação.
Conforme a natureza das regras, há a regra ideal, segundo a qual é aconselhável jamais aceitar missões contrárias a deontologia, ter conhecimento extremo do assunto, emitir opinião própria fora da reportagem, lutar constantemente para defender os direitos do homem. As regras gerais constituem o objeto de leis ou religiosas, por exemplo, não roubar, não mentir, não falsificar voluntariamente uma informação. Regra com exceções é quando o fim justifica os meios. O jornalista deve dissimular a identidade da fonte quando ela apresentar comportamentos anti-sociais ou ameaças à saúde publica. Existem também ,de acordo com Bertrand, as regras controversas, em que a mídia deve questionar tudo que vem do governo.
Bertrand explica ainda que a maior parte dos códigos tem foco no jornalismo escrito. Diferentemente do Japão, onde cada veículo possui um código. As regras relativas a um setor da atualidade é que cada jornalista, em sua determinada área, adapte-se a um conjunto de regras especificas, por exemplo, jornalista financeiro, jornalista católico, repórter esportivo, entre outros. Na área de jornalismo terrorista e policial, exige-se atenção especial : os profissionais devem ser discretos, frios, evitar reportagens ao vivo; quando se trata de relatos policiais, o repórter não deve usar adjetivo, revelar os parentes, e jamais esquecer que quem decide sobre quem é culpado ou não é a lei, portanto, não deve tratar ninguém como culpado antes do veredicto.
Para cada país existe um conjunto de regras correspondentes à cultura. Na hierarquia do jornal também foram aplicados os códigos, e o autor discorre sobre cada cargo. Há regra somente para patrões, que devem servir de exemplo para seus assalariados; há regras só para jornalistas, que devem permanecer neutros sem participar de manifestações e não obter qualquer vantagem pessoal fazendo publicidade clandestina.
O autor explica os códigos segundo a responsabilidade, e deixa claro: não se é simplesmente responsável, é-se responsável perante alguém. Por isso, cada profissional deve ser responsável por si próprio, ou seja, não executar trabalhos que contradizem a suas ideologias, para não destoar da deontologia. Diante dos colegas de profissão, ele jamais deve desacreditar da profissão, deve lutar pelos direitos do jornalista, ajudar os colegas com dificuldade e não se apropriar de idéias de outros colegas de profissão. Perante as fontes, o profissional deve ser fiel ao que a fonte diz e não usar isso de forma que cause duplo sentido e, se a fonte exigir segredo, deve-se respeitar e ter senso critico para discernir o que pode e o que não pode ser publicado. Perante as pessoas, o jornalista não pode publicar informações que não sejam de interesse público, não caracterizar uma pessoa pela cor, preferência sexual, deficiência física ou mental, se essa característica não for pertinente, e não publicar imagens violentas para não magoar entes queridos. Perante aos usuários, o profissional não deve, de modo algum, prejudicá-los.
Segundo o estágio das operações. Não é aceitável jamais que o profissional invente uma informação e nem utilizar meios desonestos para consegui-la; ao selecionar a informação, evitar fontes que não estejam preparadas para dar certa informação, não omitir uma informação por preguiça de correr atrás dos fatos, enfim, selecionar as informações em função de sua importância para o público. Ao publicar qualquer matéria, a parte publicitária deve ser bem distinguida da reportagem, os dados contidos nela devem estar corretos, não é permitido usar o sensacionalismo no fato. Após a publicação, se a redação tiver cometido o erro, este deve ter seu espaço para ser corrigido.
Existem também códigos destinados aos meios de comunicação de entretenimento. Como já foi dito, a informação e o entretenimento são coisas distintas, embora essa distinção não seja absoluta. Por exemplo, muitas pessoas buscam entretenimento ao ler o caderno policial de um jornal, por isso, a deontologia não pode ser idêntica nos dois setores. Para o rádio e televisão, existe o código da NBA, que estabelece que seja interesse da televisão incentivar a criatividade, inovar, tratar dos grandes problemas sociais. O entretenimento da mídia deve oferecer ao homem dignidade e fraternidade.
De acordo com Bertrand, a interpretação e a aplicação dos códigos são considerados problemas a serem resolvidos, pois ao se falar deles a explicação fica vaga e não absoluta. È importante saber que nenhum código foi feito para todos os casos, portanto, em certas situações o profissional deve apelar para o bom censo, e os código possuem uma única finalidade: contribuir para formação deontológica dos jornalistas.
No capitulo dois da parte dois, o autor fala das omissões dos códigos, e dedica o capitulo para falar de comportamentos recomendados, mas que não são citados em códigos, que foram inspirados nas constantes criticas aos profissionais. Conhecer a si e a seus limites é ter consciência do que ele é e do que não é. Bertrand fala que os códigos esquecem de estigmatizar o jornalista que contenta com o dossiê de imprensa, além de não citar a exigência fundamental que é o domínio de sua própria língua e que dominem sua cultura. Preguiça, insensibilidade burocrática, falta de imaginação são obstáculos consideráveis da deontologia.
O tratamento e a apresentação da informação independem do emissor. Os jornais de dimensão fixa devem tomar cuidado para não oferecer ao leitor um produto monótono e sempre se lembrar de relatar a atualidade de forma criativa e inédita. Existem também as pseudo-informações, que são noticias em que as pessoas que se beneficiam delas são quem a fabricam. Escândalos políticos e paparazzis são exemplos disso. As informações incompreensíveis são um erro de quem as redige. O texto jornalístico tem que ser escrito para todo e qualquer cidadão. Existem também informações tediosas. O autor questiona que as informações públicas não têm muita utilidade, já os que não são importantes, como acidentes e crimes passionais , são as mais lidas.
No setor de entretenimento existem muitas faltas cometidas por esta mídia. Publicidade clandestina, corrupção de apresentadores, mediocridade estética. O autor critica que os meios de comunicação de entretenimento não estão preocupados em promover a literatura, e sim em garantir audiência. O vazio intelectual é a violação mais nítida, pois cultiva a imbecilidade ao apresentar seriamente a astrologia. Mediocridade moral, já que a mídia não quer formar cidadão educado ou fiel, e sim conquistar consumidores. Por isso usa pessoas bonitas estereotipadas, provocando o incentivo ao racismo.
Na parte três o autor explica sobre a prática. Ele criou os M*A*R*S, que significa: meios de assegurar a responsabilidade social da mídia. Formulado no início dos anos 90, foi usado para tornar os meios de comunicação responsáveis diante do público. Os autores devem priorizar em atender o público, e fazer com que ele sinta-se satisfeito com o serviço que tem em mãos. Aos diretores de redação, cabe respeitar extremamente o código, o que se torna fácil quando os códigos fazem parte no contrato de admissão. Os jornalistas são os mais interessados em cumprir a deontologia, afinal, quem ganha com isso são eles mesmos. Os usuários são muitas vezes esquecidos quando se fala de deontologia, por se acharem impotentes diante da mídia. A formação dos meios acontece em longo prazo. A faculdade oferece a cultura geral, conhecimentos específicos em um setor e uma consciência deontologica. A avaliação é o método mais velho e mais fácil para melhorar os meios de comunicação, e o mais banal é a critica positiva e negativa. As observações sistemáticas são necessárias hoje pelo fato de haver vários produtos da mídia. Apenas especialistas para dedicar estudos prolongados da mídia.
Bertrand fala também sobre os documentos escritos ou transmitidos pelo rádio e televisão. O quadro de correção, apesar de parecer desprezível, permite que a imprensa corrija seu erro, assim, adquire maior credibilidade diante do público. As cartas de leitores têm uma função primordial, pois a mídia deve oferecer fórum para que haja discussão e, assim, qualquer indivíduo exerça seu direito de exprimir-se. È bom para o veiculo publicar opiniões contrarias as que foram expostas pelo próprio. Existem revistas, relatórios, livros e filmes criados apenas para criticar a mídia.
No capitulo dois da parte três, Bertrand fala das criticas e dos obstáculos. As criticas feitas aos códigos podem contribuir para convencer os jurados da boa fé do meio de comunicação, e permite que os humildes s façam ouvir pela mídia. O autor explica ainda que os códigos não são se não apenas uma lista de proibições vagas e de votos periódicos. Por exemplo, nos códigos, fala-se muito em dizer a verdade, mas não explica o que venha ser a verdade. Ele critica também o fato de falar apenas aos homens jornalistas, e esquece de citar mulheres, os pobres.
Ao falar dos obstáculos Bertrand coloca em discussão as objeções injustificadas. A ameaça de recuperação pelo Estado, a inutilidade, o estigma das relações públicas, a hostilidade partidária, a ignorância. Já os obstáculos verdadeiros são a dependência dos jornalistas, o conservadorismo, o corporativismo, a arrogância, a hiper-susceptividade, o preço, o tempo e a tara fundamental.
O autor faz conclusões, obviamente colocadas no final do capitulo. Ele conclui que é necessário que os profissionais e o público se mobilizem, organizem-se e encontrem meios para agir; que o controle de qualidade torna-se ao mesmo tempo útil e realizável; quanto ao público, a deontologia em imediato aumenta a confiança deles perante a mídia; que o objetivo primordial dos profissionais não seja aumentar o rendimento da empresa, mas sim atender as diversas minorias que compõem o público; que os profissionais compreendam que sistemas com os M*A*R*S só trazem beneficio, pois o público ganha qualidade e eles ganham o público; que ao lado da tecnologia a deontologia se faz com uma lentidão glacial. E, por fim, que a deontologia é o único método ao mesmo tempo eficaz e inofensivo para melhorar o serviço da mídia, entretanto, é lenta, opera a longo prazo e, como todo empreendimento,requer energia, espírito inovador, devotamento, senso de organização e vontade de consulta.

Apreciação
O autor tem muita segurança ao falar desse assunto, afinal, ele dedicou muitos anos para que as conclusões do estudo fossem realizadas. As questões econômicas são importantes, pois em cada país os códigos deontologicos seguem uma linha de acordo com o regime político adotado.
Ler esse livro, para mim, foi extremamente importante. Por meio da leitura, pude perceber quanto os mínimos detalhes fazem a diferença no resultado final. Infelizmente, porém, como o nosso diploma não tem obrigatoriedade, o cuidado que devemos ter ao publicar a informação deve ser extremo, afinal, estamos nos lidando com a confiança do público para com o veiculo. Portanto, o estudo da deontologia deve, sim, fazer parte da grade curricular de nós, acadêmicos de jornalismo. Quem sabe assim conseguiremos mudar um pouco da realidade da nossa mídia, que deixa a desejar e falha em cumprir os códigos citados no livro, como aceitar propina e evidenciar o sensacionalismo.
Bertrand deixa claro que a intenção do livro não é desprezar algum veiculo e, por isso, ele, apesar, de citar exemplos, , não os nomeia. E faz isso de maneira muito criativa, que desperta curiosidade no leitor, para conhecer os benefícios da deontologia. Ele é audacioso a ponto de criticar os códigos, mas o faz com muita autonomia. Não para criticar, senão para fazer com que o leitor questione.
O autor não é conciso, pois para falar de deontologia é necessário mostrar todos os detalhes. Apesar disso, é objetivo. Em muitas partes foi preciso recorrer ao dicionário, embora isso não impedisse uma boa compreensão, portanto, Bertrand foi muito claro ao expor suas idéias e explicá-las. Acho também que o assunto facilita a transmissão da mensagem. A linguagem usada por ele é correta e a forma não é lógica e sim sistematizada e objetiva.
A obra é muito importante para todos os profissionais da comunicação social, seja ele formado, universitário ou até mesmo auto-ditada. Além disso, o público que se interessa pelos direitos também pode ler para exigir que a mídia cumpra seu papel de informar e respeitar o público. Pode notar, assim, que o estudo da deontologia é de suma importtância para os profissionais e, principalmente, para cada cidadão.